Dia da Consciência Negra marca a resistência e luta do povo negro no Brasil  

Dia da Consciência Negra marca a resistência e luta do povo negro no Brasil   

Neste sábado, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra, uma data para marcar a luta em memória do líder Zumbi dos Palmares, um dos líderes mais importantes na luta contra a escravização no Brasil. O Dia Nacional da Consciência Negra não é uma data de celebração, mas de conscientização dos brasileiros sobre o sofrimento que o povo negro vive no Brasil, e a importância da luta contra o racismo, a violência e a discriminação contra os negros que é estrutural e sistêmica no país.

A data faz referência à morte de Zumbi, o então líder do Quilombo dos Palmares situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na Região Nordeste do Brasil. Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695 por bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho. O nome de Zumbi, inclusive, é sugerido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana como personalidade a ser abordada nas aulas de ensino básico como exemplo da luta dos negros no Brasil.

Apesar do fim da escravidão ter ocorrido há mais de 130 anos é nítida a discriminação racial presente em todos os setores no Brasil. Existem inúmeras pesquisas que mostram o tratamento diferenciado e o racismo estrutural que é aquele enraizado em todos os setores da sociedade brasileira. Entre esses estudos podemos destacar algumas estatísticas estarrecedoras.    

Os negros são mais condenados pela justiça que os brancos, quando são processados por posse de drogas. No entanto, paradoxalmente, eles são apreendidos com doses menores de substâncias ilícitas em relação a condenados brancos. Não só a justiça demonstra ser mais rigorosa contra os negros, mas a polícia também, uma vez que 76% dos mortos pela polícia são negros. No mercado de trabalho, os negros também sofrem com o preconceito, pois, recebem, em média, 1200 reais a menos em comparação com os trabalhadores brancos. Até no desemprego, os negros sofrem mais, uma vez que mais de 60% dos desempregados são negros.

A cultura religiosa oriunda dos negros africanos também sofre bastante com o preconceito no Brasil. Na década de 1930, as chamadas religiões de matriz africana eram proibidas no Brasil. Atualmente, apesar de a Constituição prever a liberdade religiosa, o que se vê em nosso país é que as religiões de matriz africana são intensamente perseguidas. Um fenômeno recente são as ações de vandalismo cometidas contra terreiros nos quais se praticam os encontros de umbanda e do candomblé.    

A tarefa de combater a esse racismo estrutural cabe a todas instituições democráticas do país, pois é impossível haver democracia sem o reconhecimento do sofrimento das populações não brancas e sem um trabalho árduo e coletivo de combate a qualquer tipo de racismo.

O Sindireceita aproveita a data de hoje para reafirmar seu caráter antirracista e sua disposição de contribuir para a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Notas:

- Negros representam dois terços da população carcerária brasileira. Para acessar, clique aqui.

- Negros são os mais condenados por tráfico e com menos drogas apreendidas. Para acessar, clique aqui.

- Racismo institucional leva polícia do Brasil e dos EUA a matar mais negros e pobres. Para acessar, clique aqui.

- Negros ganham R$ 1,2 mil a menos que brancos em média no Brasil. Para acessar, clique aqui.

- Com crise, desemprego subiu mais entre pretos e pardos, diz IBGE. Para acessar, clique aqui.