Personalidade

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Dalila de Alvarenga Cidade

Nos álbuns de fotografia e nos porta-retratos espalhados pela casa, Dalila de Alvarenga Cidade, de 91 anos, guarda as recordações de família e  dos bailes da alta sociedade carioca. Esta Técnica da Receita Federal, aposentada desde 1982, tem uma filha, três netos e sete bisnetos. Um verdadeiro exemplo de vida e de profissionalismo.
Após a morte do pai, dona Dalila, aos 14 anos, teve que “arregaçar as mangas” e começar a trabalhar. Foi contratada pela engenharia da telefônica, que na época realizava testes para automatizar o serviço. “Era muito bom”, conta a Técnica.
Em 1953, dona Dalila ingressou, ainda no Rio de Janeiro, no Ministério da Fazenda como encarregada. Em abril de 1972 foi transferida para Brasília, onde trabalhou como chefe da Secretária de Economia e Finanças. Depois, integrou o quadro de pessoal da Secretaria Geral e da Secretaria de Assuntos Legislativos, onde se aposentou.
Admiradora de música, esta carioca da gema não dispensa um baile junto com as amigas. Quando ainda morava no Rio de Janeiro não perdia às festas no Copacabana Palace, os shows de Grande Ottelo e Carmem Miranda e as óperas no Municipal. Já em Brasília, dona Dalila é figurinha carimbada nos bailes do SESC, onde é reconhecida pela elegância e vaidade. 
Zelosa com os afazeres domésticos, dona Dalila tem uma rotina tranqüila. No dia-a-dia, além de cuidar da casa, onde mora sozinha, faz questão de caminhar todos os dias e assistir a quase todos os telejornais brasileiros. “Sou fã de política, confesso que estou um pouco triste atualmente”.
Ciente de que a categoria vive um momento histórico, tanto na recuperação salarial quanto na questão da taxação dos inativos, dona Dalila espera que os Técnicos saiam vitoriosos. ”Nosso salário está uma vergonha e o governo quer nos tirar 11%. Agora, como vou comprar meus remédios?”
Questionada a respeito do segredo de tanta vitalidade, dona Dalila, que é avessa a esportes, revela que a única coisa que nunca abriu mão de fazer era tirar férias em abril, para descansar em Araxá/MG, cidade famosa por suas águas sulfurosas. “Ia todo ano, tomava banhos de lama e me despojava naquelas águas maravilhosas”, lembra. Dona Dalila faz questão de ressaltar que tem orgulho da idade e  que não se importa em ser chamada de velha. “Sou velha, já vivi tudo que tinha que viver, já fiz tudo que tinha que fazer e tenho orgulho disso, sou feliz”.