Valor e reconhecimento

Valor e Reconhecimento

Força-tarefa de Cumbica: eficiência e produtividade dos Técnicos da Receita Federal
Diariamente 100 mil pessoas, entre passageiros, empregados e visitantes, transitam pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos. O aeroporto é considerado o maior da América do Sul pela Infraero. É neste ambiente que atua a Força-tarefa de repressão ao tráfico internacional de entorpecentes.
A equipe foi criada em junho de 2001, é composta por cinco Técnicos da Receita Federal, cinco Agentes da Polícia Federal e conta ainda com o auxílio de quatro cães treinados.
Representam a Receita os Técnicos Aluízio, Dílson, Fernando, Guina e Sabbag. Os integrantes do grupo preferiram não divulgar os nomes completos para prevenir retaliações. A Força-tarefa foi criada com a intenção de unir esforços contra o tráfico de drogas.
Desde sua formação, os resultados alcançados pela equipe são extremamente satisfatórios. Mensalmente, são apreendidos, em média, 55 Kg de cocaína. No balanço de quase três anos de trabalho, os números são significativos: a Força-tarefa apreendeu mais de uma tonelada e meia de cocaína, 100 mil pontos de LSD, 10 mil comprimidos de ecstasy, 95 kg de anabolizantes, além de 1 milhão de euros que entrariam no país sem serem declarados.
Os dados comprovam que houve um crescimento anual das apreensões de cocaína:
Em 2001, foram apreendidos cerca de 400 kg
Em 2002, a apreensão chegou a aproximadamente 570 Kg
Em 2003, as operações de repressão resultaram na apreensão de cerca de 690 kg.
Quanto à maconha, a quantidade apreendida não é expressiva. O Técnico Guina afirma que o tráfico de maconha não é rotina dos aeroportos.
A constante luta pela extinção das organizações criminosas mostra que as atividades do Grupo têm desempenhado importante papel em defesa da sociedade brasileira. Desde o início dos trabalhos, 265 pessoas foram presas em flagrante. As penas aplicadas em sentença giram em torno de seis anos, em regime fechado.
Muitas das prisões em flagrante realizadas pela Força-tarefa do Aeroporto Internacional de Guarulhos têm gerado imediata diligência policial. Com o objetivo de alcançar o mandante da remessa de tóxico, a polícia promove operações externas em hotéis, flats e residências. Esse trabalho atinge bons resultados na tentativa de reprimir grandes traficantes, na qual se destacam organizações compostas de nigerianos e de árabes.
As ações minuciosas realizadas pelos Técnicos da Receita Federal e pelos Agentes da Polícia Federal exigem conhecimento, técnica e segurança. A equipe procura se especializar em cursos de aprimoramento feitos por agências internacionais, como o DEA - Drug Enforcement Administration- (EUA) e a HM Customs (Alfândega Britânica). Exemplo da dedicação e profissionalismo da Força-tarefa foi o desfecho da operação denominada Happenning Operation. Realizada no ano passado, em conjunto com a Alfândega Britânica, a operação resultou na prisão de uma estruturada organização criminosa que atuava no Aeroporto de Heathrow, em Londres.
As apreensões e prisões realizadas pela equipe são constantemente divulgadas nos principais meios de comunicação. Em setembro de 2003, o programa “Comando da Madrugada”, da TV Bandeirantes, veiculou matéria especial sobre a atuação da Força-tarefa.
O Técnico Guina diz, no entanto, que as operações só não alcançam resultados melhores devido à falta de pessoal. De acordo com o Técnico, a escala de trabalho é montada em função dos vôos de alta ocorrência de entorpecentes. Ele citou os vôos que têm como destino a Europa e a África e aqueles que chegam da Europa. “A escala é muito apertada porque são poucos integrantes”, afirma. Os Técnicos que integram a Força-tarefa trabalham em média 16 horas por plantão. Guina explica que apesar do trabalho ser em conjunto com os agentes, muitas vezes não há como ter acompanhamento da Polícia Federal nos terminais, por causa da quantidade de vôos num mesmo horário. Nestas operações, os Técnicos da Receita Federal, mais uma vez, ficam expostos a todo tipo de ameaças e riscos, o que reforça a necessidade do porte de arma para a categoria. “O risco existe, tanto que há o trabalho policial. Até o momento não houve retaliações, mas estamos sempre preocupados”, desabafa.
Outro problema a ser solucionado, e notado com mais nitidez entre os colegas, é o fato de, no mesmo ambiente de trabalho, haver servidores que recebem praticamente a metade do salário dos demais. O salário inicial do Técnico da Receita Federal é de R$ 2.400,00, enquanto que o de Agente da Polícia Federal é de R$ 4.130,00. Esta diferença deixa os Técnicos muito desestimulados. “Além de melhorar a segurança, tem que haver uma remuneração mais condizente com a carreira. O risco tem que ser recompensado”, declara Guina.
No dia 10 de março, dia da grande paralisação da categoria em alerta ao Governo Lula, os Técnicos que compõem a Força-tarefa realizaram operação padrão no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
A operação padrão é o processo pelo qual as checagens são feitas com todos os passageiros que embarcam. Normalmente as checagens são realizadas por amostragem. A operação causou longas filas no aeroporto e foi o ponta pé inicial do movimento de luta em favor de uma Receita Federal forte e atuante. “Somos favoráveis a greve, se não houver respostas do Governo”, disse Guina.
A categoria não pode esperar mais porque não quer conviver com a incerteza no ambiente de trabalho, que precisa urgentemente de reposição das perdas registradas nos últimos anos. Desde dezembro a apresentação de uma proposta do Governo está sendo prorrogada. São mais de três meses de espera. Agora, o prazo se esgotou, chegou a hora do Governo Lula apresentar o projeto para a Receita Federal.