Juíza do trabalho aborda “assédio moral na administração pública” em palestra para a Delegacia Sindical de Porto Alegre

Juíza do trabalho aborda “assédio moral na administração pública” em palestra para a Delegacia Sindical de Porto Alegre
 

"attachment_83073" align="aligncenter" width="838"]Palestra juiza Valdete Severo - INTERNA A juíza sugeriu que os sindicatos criem mecanismos rápidos e seguros para que seus filiados possam relatar a situação de assédio pela qual passam

 

A Delegacia Sindical da Receita Federal de Porto Alegre realizou no no dia 27/11, no Ministério da Fazenda em Porto Alegre, o primeiro dos três encontros do Ciclo de Palestras sobre Assédio Moral no Serviço Público, organizado pela DS local. A pelestra ficou a cargo da juíza do trabalho, Valdete Souto Severo, tendo como tema “Assédio moral na relação de trabalho com a administração pública”. As próximas palestras serão no dia 3 e 10 de dezembro.

A palestrante iniciou a abordagem enfocando o contexto histórico do País e do mundo, estabelecendo a distinção entre o assédio individual e o coletivo. “Há o assédio moral  individual que se caracteriza pela perseguição ao sujeito e que tem a ver com o sujeito em si e que pode ser tanto entre colegas de trabalho, quanto do chefe em relação ao empregado ou servidor e há o assédio estrutural e mais fácil de ser identificado”, afirmou.

Diminuição do Estado, aplicação de metas inatingíveis e a informatização dos serviços foram alguns dos temas abordados pela juíza.  “Segundo a CF/88, somos uma sociedade que se pretende justa, fraterna e solidária, que busca o bem de todos, que pretende erradicar a pobreza, reduzir as diferenças sociais, preservar a dignidade humana. Então como se explica o adoecimento no trabalho estar chegando a um ponto crítico como o de hoje?”, questionou a magistrada.

Segundo a palestrante, a crise que o Brasil enfrenta não é nova e nem restrita, mas mundial. Ela chamou a atenção para autores internacionais que há décadas apontam para o fato de o mundo estar chegando a um ponto de não retorno em termos de sistema capitalista, ou seja, que estamos chegando a um esgotamento porque não há mais mercado para ser conquistado e que no final está sendo criado um número de pessoas à margem do mercado de trabalho, o chamado desemprego estrutural que está se tornando insustentável.

Ela alertou que houve um desmanche do caráter social do Estado desde os anos 60 e que diante desta situação os direitos dos trabalhadores privados e públicos sofrem perdas gradativas. ‘Ou seja, que diante das crises, que são cíclicas, são criados paliativos que sempre pretendem que o trabalhador, tanto do âmbito privado quanto público, pague a conta, o que pode ser através da aplicação de metas abusivas que buscam mais a produtividade, o lucro, do que a qualidade dos serviços”, afirmou.