Editorial

A nosso ver, o governo tem negligenciado o fato de que não existe instituição pública sem servidor público, seja efetivo, nomeado ou eleito. Os eleitos são de responsabilidade de todos os cidadãos desse país, os nomeados e efetivos são de responsabilidade dos eleitos. Com os nomeados, sejam de carreira ou não, tem que se ter a responsabilidade de nomear gestores afinados com o estado da arte da administração para poder modernizar o serviço público. Caso contrário, toda a máquina pública e o os servidores efetivos ficam prejudicados e, por conseqüência, toda a sociedade.

Os Técnicos da Receita Federal, por sua vez, cientes da forma da apropriação do controle do órgão que se deu dentro da Receita Federal, assim como em vários outros órgãos do Estado brasileiro, resultado dessa negligência com a estruturação do serviço público e com a falta de um modelo de gestão moderno, têm a obrigação cidadã de fazer o enfrentamento dessa burocracia obsoleta, com suas castas perpetuadoras do atraso e da ineficiência.

Como será possível remover as barreiras que travam o crescimento econômico, ao nível de suprir as enormes necessidades reclamadas pela sociedade, se o Estado não possui uma política de gestão que lhe traga a eficiência que a conjuntura econômica mundial hoje exige? Segundo estudo de uma consultoria, a informalidade no Brasil - com as conseqüências a ela relacionadas, como sonegação, relações de trabalho informal, descaminho, pirataria, crime, entre outros - é a segunda maior do mundo. A incorporação desse setor pela economia formal levaria à melhoria da previdência social, da saúde, da educação, da segurança e de todo aparelho de serviços públicos prestados pelo Estado.

A Receita Federal tem um papel importantíssimo nesse controle e, no entanto, destaca menos de vinte por cento de seu quadro fiscal para fazer esse enfrentamento. Mas, a obstinação que não apresenta na luta contra essa verdadeira crise, quadruplica para impedir que metades dos servidores da carreira de Auditoria da Receita Federal possam ter seu trabalho reconhecido e que venham efetivamente a se somar a esse combate. Tentam segregar-nos a cada oportunidade.

Chamamos os delegados sindicais de todo o Brasil a convocarem Assembléias locais e a discutirem as estratégias locais, estaduais, regionais e nacionais para que tomemos em nossas mãos a responsabilidade pela efetivação das mudanças que acreditamos que vai levar a nossa instituição a assumir o seu papel diante da sociedade. Com legitimidade, sem autoritarismo.

Está na hora de dizer e mostrar que não aceitamos a administração da Receita Federal contra os seus servidores.