Editorial

Como já afirma o adágio: ?o bom lenhador descansa amolando o machado?. Como o País está paralisado a espera da conformação do novo governo, temos a oportunidade de ?amolar? o nosso. Enquanto ninguém sabe quem vai ser ministro de que pasta, quem vai ficar no lugar de quem, Medidas Provisórias, Projetos de Lei Complementar, Projetos de Lei Ordinária, tudo vai sendo encaminhado pelo governo e o presidente da Câmara vai botando para votar. O presidente Lula descobriu uma maneira de fazer com que se votem todas as propostas do governo sem nomear nenhum titular de cargo de primeiro escalão. Isso é impressionante e preocupante. É que o pensamento hegemônico reinante hoje, que atenta contra a paridade entre ativos e inativos, que atenta contra a formalidade do trabalho, como se este não fosse um valor essencial para o convívio em sociedade, que faz do custo da folha de pagamentos o bode expiatório das mazelas do País, têm no servidor público o seu alvo principal de ataques. Vêem o servidor público quase como um câncer que deve ser extinto pelas vias do corte do seu suprimento de recursos: o salário. Está aí o que restou para o servidor público no PAC (Programa de Aceleração de Crescimento).

Existem muitas deformações em nosso País, mas nenhuma é maior do que do serviço público. E o Estado sempre será essencial na vida em sociedade, portanto não se pode permitir que continue assim, temos que buscar melhorá-lo, torná-lo eficiente. Para isso, é preciso que seja visto como elemento de infra-estrutura essencial para a ordem social, econômica e política. Nada se desenvolve num País de forma justa e ordeira se não houver um Estado forte, legítimo e eficiente, capaz de garantir o cumprimento da Constituição e da ordem jurídica e fazendo com que a vontade do povo, deliberada pelos seus representantes na Casa das leis, seja uso e costume de cada cidadão. Estamos longe desse Estado, mas é para ele que queremos convergir. Não ficaremos conformados com esta falta de política de gestão que mantém vivo o patrimonialismo de privilégios.

Quem vai licitar as obras do PAC? Quem vai fiscalizar as relações de trabalho dos trabalhadores que vão se empregar por conta do PAC? Quem vai cobrar os tributos que dão sustentação aos aparelhos de saúde, educação e segurança? Quem vai combater a tentação da corrupção com os recursos do PAC? Essas são algumas das atividades que o Estado presta como forma de proteção de toda a sociedade.

Além dessa e de todos os problemas que temos com a crise de legitimidade (ou incompetência diretiva) que o Estado brasileiro está passando, as entidades dos servidores públicos vivem a se digladiar pelos parcos recursos da forma mais irracional. Todos se unem para conseguí-los em montantes que nunca são suficientes para depois entrarem numa disputa do tipo ?cada um por si? pela divisão.

É neste cenário que entramos 2007. Teremos que ter capacidade de aproveitar as suas oportunidades e enfrentar as ameaças que se apresentam e se conformam no seu horizonte. Conseguir lutar por nós e juntos com os outros é um desafio concreto.

Temos todos que nos apresentar para contribuir com esta batalha, pois é nela que definiremos o nosso futuro.

Eleição do Conselho de Administração da Assefaz