Carta aos Analistas-Tributários

A categoria está aguardando atentamente pela reunião de hoje entre as entidades representantes dos servidores das Carreiras de que trata a Lei 10.593/2002 com o Ministério do Planejamento, na qual deverá ser discutido o posicionamento dessas entidades diante da proposta apresentada pelo governo na última rodada de negociação.

A nossa categoria já se posicionou expressamente através dos inúmeros manifestos encaminhados à Diretoria Executiva Nacional e publicados no nosso boletim: não é admissível que cargos que atuam lado a lado em operações de fronteiras, nos aeroportos, portos e em ações repressivas a ilícitos tributários, como é o caso dos Agentes da Polícia Federal e Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil sejam tratados de modo distinto. Independente do avanço contido na proposta apresentada pelo governo, o tratamento claramente discriminatório que consistiu a proposição de rebaixamento do teto salarial do Analista em relação ao Agente provoca, ao invés de minorar, um aguçamento no sentimento de revolta hoje premente na categoria.

Nós, Analistas-Tributários, iniciamos essa negociação buscando a recomposição da relação remuneratória ilegalmente retirada de nós em ato rasteiro. Aceitamos fazer um acordo que trouxesse avanço no resgate da política de convergência à relação remuneratória justa. Um acordo que apontasse para a solução definitiva dessa iniqüidade, como foi feito em 2004, mas que não se manteve em 2006.

Acreditamos que o governo sinalizaria, não com o atendimento da integralidade do nosso pleito, mas com o reconhecimento, no mínimo, de que temos direito a uma tabela idêntica aos limites da tabela do cargo de Agente da Polícia Federal pelos espaços comuns ocupados por essas categorias.

Em vários outros momentos de negociação, o nosso pleito foi reconhecido como justo pelo governo federal e até mesmo pela Administração do órgão. Acreditamos que é nesse momento que o governo tem a oportunidade de converter esse reconhecimento em fato concreto, pois, a cada dia que passa, essa indignação vai se transformando em desestímulo a uma categoria que nunca se omitiu na defesa do órgão nem no compromisso com a sua missão.

Temos nos sentido cada vez mais motivados pela luta por nosso reconhecimento do que contribuir com uma Administração que nos quer ver pelas costas, com tem se demonstrado nessa negociação e na negociação salarial anterior.

Num órgão onde não se tratam pessoas como pessoas, mas como vassalos de um feudo, a revolta vai ser sempre uma constante. Não pensem governo ou Administração que a categoria está à venda. Nossa dignidade é o bem maior que queremos proteger. Portanto, pensem bem na integralidade dos seres com os quais estão tratando. Não adianta querer empurrar goela abaixo um acordo não  pactuado e que traz no seu bojo o gérmen da discriminação aos Analistas-Tributários. Não somos uma categoria venal ou casuísta, temos convicções e princípios que nos unem na defesa de um Estado forte, eficiente e justo. Que não se lance à sorte essa negociação, mas que se pesem bem as suas conseqüências na hora de bater o martelo da JUSTIÇA.

Um exemplo a ser seguido

Após a desistência dos representantes eleitos pela categoria em continuar participando do processo de elaboração da Lei Orgânica da Administração Tributária Federal no interior do projeto ProPessoas, outros ATRFB começaram a ser convidados a ocuparem esse vazio. Após as denúncias de impossibilidade de qualquer discussão saudável feitas em carta destinada à equipe do ProPessoas e à categoria, destacamos a coerência presente na resposta dada pela delegada da Delegacia Sindical de Brasília aos representantes do projeto:

Infelizmente, não poderei participar do GT LOF. Fiquei surpresa por ter sido convidada, pois, como já disse no notes anterior, fiquei em último lugar no processo de eleição dos candidatos ao GT. Não tenho como acreditar na imparcialidade e legitimidade desse projeto. Fico triste ao constatar que as regras estão mudando a cada instante. Durante o processo foram abertas as inscrições para todos os interessados, sendo que seria eleito um representante por categoria. Na sexta-feira, dia 22 de fevereiro, me surpreendi com uma alteração nas regras, além dos eleitos,teríamos a presença de convidados no GT LOF, só que a escolha dos convidados não seguiu nenhum critério previamente estabelecido. Quando recebi o convite, pedi para ter ciência do motivo da afastamento dos colegas Eunilton Peixoto e João Jacques, pois no Informe-se de ontem (04/03/2008) diz que eles deixaram por escrito o motivo do afastamento. Como convidada de última hora, preciso e tenho o direito de saber o que levou meus colegas a tomarem uma atitude como essa, mas essa informação não me foi passada.

Se o prazo para entrega para o projeto da LOF é curto, falta organização da equipe, um bom cronograma e transparência no processo. Deixo registrado que o meu nome saiu errado no Informe-se. Informo que o meu nome é Elvira de Paula Batista e não Elvira Lobato.

Elvira Batista

Após a manifestação à equipe do ProPessoas a delegada informou, em nota ao secretário, sobre o ocorrido e questionou o desrespeito ao seu direito de saber o porquê da decisão tomada pelos colegas, já que no Informe-se havia a informação de que essa decisão tinha sido justificada por escrito: Dr. Rachid, sinto muito incomodá-lo, mas preciso deixar registrado o meu descontentamento com a forma que o Projeto da LOF está sendo encaminhado pela Equipe do ProPessoas.

O Senhor deve ter tido conhecimento do processo de eleição que os candidatos participaram. Eu me candidatei, dentre outros colegas. Quando saiu a lista dos candidatos, tomei conhecimento que tínhamos candidatos bem preparados e que conheciam mais profundamente o assunto. Fiquei feliz em saber que o Eunilton ficou classificado em 1º lugar. Ele é uma pessoa fantástica, de grande conhecimento, porém, algo aconteceu no GT que tanto ele como o João Jacques (2º lugar e convidado) pediram o afastamento.

Quando recebi o convite para participar, fiquei surpresa, pois fiquei em último lugar nas eleições. Pedi para a equipe do ProPessoas me enviar o motivo do afastamento de meus colegas (no Informe-se consta que eles deixaram escrito o motivo) mas isso não foi possível. Não tenho como participar de última hora de um projeto como esse sem saber o que levou os meus colegas a se afastarem. Além de não achar correto o último colocado participar de um processo que se deu via eleição, não é legítimo.

Elvira Batista

Os colegas que pediram desistência da colaboração com o que consideraram um processo viciado, autoritário e sectário ao projeto totalitário da classe dominante na Receita Federal do Brasil deixaram, nas palavras do colega João Jacques, um arrazoado sobre as motivações dessa atitude.

Compartilhamos com todos os ATRFB, já que a equipe do ProPessoas não publicou a carta apresentada pelos colegas naquele ato, as razões de tal posicionamento: