Rádio Câmara apresenta série de reportagem que reforça as denúncias feitas pelo Sindireceita no projeto “Fronteiras Abertas”

Rádio Câmara apresenta série de reportagem que reforça as denúncias feitas pelo Sindireceita no projeto “Fronteiras Abertas”

 



Diretor do Sindireceita Moisés Hoyos e o deputado Paulo Pimenta durante a produção do documentário "Fronteiras Abertas"


 


A Rádio Câmara apresenta, nesta semana, uma série especial de reportagens que reforça as denúncias feitas pelo Sindireceita no projeto “Fronteiras Abertas – Um retrato do abandono da aduana brasileira”. Em sua entrevista o diretor do Sindireceita, Sérgio de Castro, autor do livro “Fronteiras Abertas”, destaca que, em vários pontos, o País está de portas abertas para quem quiser entrar trazendo todo o tipo de produtos e mercadorias ilegais. O diretor de Assuntos Aduaneiros, Moisés Hoyos, também foi entrevistado para a série especial e ressaltou que em muitos postos de controle aduaneiro a fiscalização é interrompida após às 18h e nos finais de semana por falta de servidores. A série de reportagem ressalta ainda que em vários locais a mercadoria ilegal tem trânsito livre, mas quem quer entrar legalmente no Brasil com produto importado tem de voltar no dia seguinte. “É o que mostra um documentário feito pelo Sindicato dos Analistas-Tributários, que você confere na série especial sobre as fronteiras do país.”


O general Santos Guerra, comandante do Centro de Comunicação e Guerra Eletrônica do Exército, também foi entrevistado para a série e reforçou a ligação que existe entre a fragilidade no controle de fronteiras e a facilidade com que armas e drogas chegam as cidades brasileiras. “Eu acredito que a situação, no que diz respeito às drogas que circulam pela fronteira, seja a principal causa da criminalidade dos grandes centros. Não circulam apenas as drogas. São outros ilícitos: tráfico de armamentos, descaminhos. Eu acredito, e isso todo mundo sabe, que isso vem frustrando a política de segurança, a política pública na área de saúde, a educação, e olhando o jornal no dia a dia, a questão das drogas nos grandes centros, a criminalidade está se tornando um caos e isso ocorre principalmente pelo descaminho na nossa fronteira.”


O delegado Leonardo de Castro, da Coordenação de Repressão às Drogas da Polícia Civil do Distrito Federal, também reforça a relação entre o tráfico de drogas e outros crimes que ocorrem nos centros urbanos. “O tráfico de drogas reflete bastante na criminalidade. A gente vê nas ocorrências policiais e nas investigações que grande parte dos homicídios são relacionados a acertos de contas do tráfico de drogas e também surgem quadrilhas de roubos de carros, de lojas, do comércio para arrecadar dinheiro para comprar drogas nos outros países.”


O vice-presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, deputado Antonio Carlos Mendes Thame, do PSDB de São Paulo, compara a fronteira brasileira a um queijo suíço. “O Brasil faz fronteira com os três grandes produtores de cocaína. A Bolívia produz mais de 100 toneladas por ano. O Peru, mais de 300 toneladas por ano. A Colômbia, mais de 400 toneladas de cocaína por ano. Para quê? Para exportar, notadamente para o Brasil, aproveitando esse queijo suíço que é a nossa fronteira, onde se passa tudo.”


 



Diretor do Sindireceita Sérgio de Castro participa da produção do documentário "Fronteiras Abertas"


 


Além do contrabando de armas e outras mercadorias, como cigarros e produtos eletrônicos, O deputado concorda que o grande problema é o tráfico de drogas. Para Mendes Thame, além de ser um mal em si, pelas consequências devastadoras para os usuários, o tráfico alimenta a violência urbana. “Há uma lógica perversa em tudo isso. As drogas entram, dão um lucro fantástico para esses traficantes, esses traficantes investem também em armas, em armamentos modernos, financiam o crime organizado e, com isso, estimulam a insegurança, estimulam o enfrentamento, que é uma coisa que cada vez mais nos assusta em muitas das capitais brasileiras. Enquanto que os estados fazem um esforço significativo para reduzir a criminalidade, nós vemos o governo federal absolutamente inerte, sem praticamente nada fazer para controlar as nossas fronteiras.”


Com a implantação do sistema de proteção e vigilância aérea da Amazônia, o chamado Sipam/Sivam, e a aprovação da Lei do Abate, que deu sinal verde para a Força Aérea derrubar aviões de traficantes, o tráfico de drogas e armas passou a ser feito principalmente por terra nos últimos anos. Segundo a Polícia Federal e a Polícia Civil do Distrito Federal, a cocaína entra no Brasil principalmente pela região Norte, vinda da Bolívia, do Peru e da Colômbia, enquanto a maconha e as armas entram principalmente pela região Centro-Oeste, vindas do Paraguai.


O geólogo Antônio Feijão, que é superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral no Amapá, afirma que o Poder Público precisa se instalar na fronteira. “O Estado nacional, a organização de governo, sempre foi um turista na Amazônia. Nós chegamos aqui há cinco séculos e até hoje o governo ainda não se instalou nas fronteiras. Então, o que precisa de fato é o governo se instalar não com esses pingados pelotõezinhos de fronteira, que agregam 40, 50 soldados, que mais estão para hastear o pavilhão nacional do que para defender geopoliticamente uma nação que tem uma Amazônia na dimensão que nós temos.”


O delegado da Polícia Federal Alexandre Silveira, responsável pela fronteira brasileira com o Peru e a Bolívia, no estado do Acre, afirma que a vigilância na região amazônica é muito difícil, por ser uma área muito extensa, de mata fechada, despovoada e difícil acesso. “É muito difícil fazer essa fiscalização simplesmente com a presença de homens. Se você colocasse todo o efetivo do Exército brasileiro de mãos dadas, mesmo assim você não conseguiria fechar a fronteira e também não conseguiria bons resultados em termos de segurança pública.” O Brasil faz divisa com dez países. A fronteira terrestre tem 16 mil e 800 quilômetros. (Com informações da Rádio Câmara)


 


 Ouça as reportagens produzidas pela Rádio Câmara:


Fronteiras - Retrato do abandono: postos que têm apenas um funcionário e liberam a cancela às 17h


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