O que nos espera?

É óbvio que o que se espera é que, no cenário que se apresenta ao País hoje, todo planejamento estatal, privado ou pessoal passe pela otimização dos seus recursos. Seja material, imaterial ou financeiro, o que qualquer entidade que queira vencer os desafios e aproveitar as oportunidades precisa fazer é gerir com eficiências esses recursos.

A Receita Federal do Brasil, talvez abduzida pela ideologia da autoridade ? uma formulação anacrônica de que o auditor-fiscal tudo poderia em matéria de administração tributária ? sofre com experiências dignas de Bram Stoker. Sob a égide da modernização e democratização da gestão, a Receita Federal do Brasil instituiu o Banco de Talentos (BT), e instituirá o Quadro de Vagas (QV) e o Painel de Reconhecimento de Mérito (PRM) que teriam, por finalidade, orientar a política de capacitação e gerar as condições para a seleção objetiva de gestores para o órgão. No entanto, hoje, os principais postos da administração já foram preenchidos, a política de capacitação privilegia os auditores (é só olhar as estatísticas dos cursos de pós-graduação oferecidos pela RFB) e a metodologia do PRM consolidará o predomínio dos auditores-fiscais em face de sua vantagem numérica dentro da RFB. Como se já não fosse bastante, a alta cúpula da RFB entendeu que os cargos de Delegado e Inspetor serão de exclusividade dos auditores-fiscais, posicionamento de natureza explicitamente político-sindical, dado que não encontra nenhum respaldo legal. Justiça não é jargão.

O nosso problema é que, dentre as três espécies de gestores existentes no setor público (os gestores de verdade, que no seu planejamento tem a preocupação de conciliar os interesses da organização com os interesses dos servidores e da sociedade os gestores de plantão, que só se preocupam consigo mesmos e os gestores de jargão, que nem com eles mesmos conseguem se preocupar) parece que só temos ficado com os das duas espécies finais.

A despeito do que se tem noticiado na imprensa com relação à administração da RFB, os Analistas-Tributários verdadeiramente receiam pelo futuro da nossa organização. O Brasil não vai singrar em águas calmas este ano. Vamos, sim, enfrentar uma tempestade da qual a travessia dependerá do esforço conjunto de toda a sociedade. Cabe, principalmente ao Estado, comandar e dar exemplo na batalha que teremos pela frente contra esta crise internacional.

A extensão desta crise não está dimensionada e não é hora da Receita Federal do Brasil brincar de gestão. É hora de fazer gestão. Seguir o exemplo do gestor de verdade.

Compreender o que ocorre na Receita Federal do Brasil passa pelo entendimento do efeito da fusão de sindicalismo com poder. Essa ligação, que não é incomum, contamina os atos da gestão transformando a RFB num enorme Frankstein.

Os Analistas-Tributários conhecem bem essa realidade. Temos enfrentado continuamente essa guerra desproporcional e vencido batalhas importantes graças a nossa unidade e ao nosso discurso com o foco do cidadão?contribuinte.

A Diretoria Executiva Nacional conclama os Analistas-Tributários a denunciar, em todos os espaços públicos, o sectarismo das administrações de auditores-fiscais na RFB. Denunciar os que sempre buscam outorgar privilégios aos auditores-fiscais, tanto nas atribuições do órgão, irracionalmente concentrada nas mãos destes, quanto na ocupação dos cargos de gerência do órgão, desrespeitando o interesse público e, muitas vezes, a lei.

"A crise está assumindo proporções maiores do que inicialmente esperávamos", afirma economista